domingo, 24 de outubro de 2010

kangaroo´s punch






em uma dessas outroras de muitos, muitos sempres atrás, uma
única  foi-me avistada sem que se tivesse mais notícias.
aquela risada, abundância de ser, marcou um fresco de
cimento do muro, apoio das lembranças.


sábado, 23 de outubro de 2010

diálogos em preto e branco I

 "existe sentido no tempo não representado?"... foi isso que me perguntou o homem que acabara de descer do ônibus, interrompendo sua jornada, para replantar uma margarida pisada, num canteiro central da av. brasil. eu corri para a janela e gritei a tempo dele ouvir: -"o sr. é um homem revoltado!". ele simplesmente sor...riu e despejou o copinho de água minalba sobre a flor. Fazia 40 graus!!!

carta de ma(r)amor

as velas... mal içadas, anuncia o marujo à proa: mulher e mar! e a aventura recém principiada à você. o olhar meu, circundante, desencontra espaços ocos de outrora e o horizonte sempre insuficiente.

antes de navegar, transcender é preciso. percorrer a metafísica íntima das águas.

comandante que aprende aos olhos, afinidades em si. mares e maresias, olhares de ressaca... tudo ainda.

e vou. sem trair mas vou! e lendo, feito cego, sambas bêbados, relativizando fluídos, caminhando até a prancha como re-significação de fatos idos.

mergulho vendado, aguardando a maré me levar!

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

ensaio de natureza natimorta

as vezes, cinco ou seis  ao dia, pego-me pensando sobre o sentido da superabundância de energia que não encontrava lugar na vida tranqüila do menino supertramp, chris mccandless. vale ocupar a cabeça, pelo menos por 2 horas, com a idéia da natureza selvagem.
há de se questionar se a necessidade de solidão como idealismo e fantasia é realmente uma necessidade humana ou momentânea. empreender uma aventura de morte e, por isso mesmo de uma vitalidade incrível, pode ser o grande equivoco na vida do menino. mas fica para aqueles menos corajosos uma experiência a se considerar.
quando crianças, aprendemos a nos voltar aos outros. comida, água, bosta, afeto. talvez, o primeiro ato que defina a individualidade seja o comportamento de evitação. seja a necessidade de dizer que algumas pessoas cumprem determinadas finalidades e outras não. significa dizer: “você só vai até aqui!”, mesmo que a sentença seja proferida na linguagem do choro.
quando adultos, a evitação pode assumir o papel da busca pelo sentido e ordem na vida independente das relações pessoais. é a fronteira. é o momento em que as experiências se recheiam de significados. é o contato com as feridas, o flerte com o abismo. evitar é uma escolha tão humana quanto se relacionar simplesmente por ser uma escolha, mas suas conseqüências não o são.
é uma definição de papéis e máscaras. quase um baile à fantasia. no fundo, ninguém quer ser reconhecido de fato. todos querem simplesmente ser do tamanho de suas alturas e não do tamanho do que vêem.
tirar a máscara e pronunciar o relato do que se enxerga. dar o passo na direção do abismo ou, em última instância, assumir que as feridas não se curam com as facilidades do universo farmacológico. eis o caminho para alguém se tornar o que é.  foi o que fez o menino supertramp. por isso que eu o participo, considero-o irmão de fé. mas o caminho trilhado... esse caminho sem volta... o que me difere do menino supertramp.