segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

PROPOSTA... ou o que esperar das entrevistas!


A idéia nasce da observação e da vontade de interação. Quase um sentimento de querer ser como, estar ao lado sempre. De um orgulho meio besta de ser a mesma gente, uma única gente que se reconhece como igual...  Cada um, como educador, como pessoa, permanecendo inconfundível, mas inclinando sua pertença a certa identidade coletiva, como queria Darcy Ribeiro.
A intenção, obviamente, atrelada à nossa missão. Se criamos ambientes favoráveis ao desenvolvimento das potencialidades mais diversas, aqui não se vê, lê ou ouve nada diferente. Trazer um amigo para a roda, à vontade com ele, falar sobre as práticas. Sobre como é se importar, como é estar atento ao inusitado, ao gesto que não tem idade. Como é fazer de tudo isso um modo de vida feliz aqui e ali, correndo sempre.  
 O que esperar? Bom... Quem procura por esse contato com o universo sensível, quem olha de perto ansiando saber da sabedoria alheia acha aqui um espelho. Nada desses novos... Só daqueles de se debruçar sobre as águas e enxergar uma imagem refletida assim, meio ondulada mesmo. Aquela situação que desconstrói e reconstrói a auto-imagem. Espere olhar para o outro e fazer ecoar a sua própria história. Espere o acolhimento, sem dúvida, porque quem aqui fala tem a generosidade de escutar o silêncio de quem ouve, mesmo sem saber a quem se dirigem as palavras.
Quem passará por aqui? Perguntinha azeda... Humm... Amarra a boca e faz lacrimejar olhares. Um especialista de idéias nobres, cientista de fantasias, consultado por nós, pariu critérios, todos eles sólidos e consistentes: precisa...
§  Ser gente como qualquer gente... Não vale ser melhor;
§  Gostar de brincadeiras e ter um interesse especial por troca de sorrisos;
§  Viver sob a alegoria do efeito borboleta;
§  Saber que o olhar interessado pelo outro muda tudo... Não há retorno!
Por trás das escolhas sempre um sentimentozinho de andar de mãos dadas, de cumplicidade. De diálogo entre as tecnologias sociais e a experiência social de quem se dispõe a prosear. Um desejo de respeito e intimidade entre saberes. No fundo, um pretexto para descobrir quais as curiosidades das gentes e como elas se organizam numa visão de futuro, de mundo. Ou um afinal assim: como a boa pergunta é levada à sua última conseqüência: a prática.    
As razões para você voltar? Bom... As mesmas que te fazem regar as plantas ou cuidar da meninada. Cultivar a vida faz bem e este é o espaço de cultivo das vidas dedicadas ao outro... Àqueles que estabelecem relações como forma de estar no mundo.  Conhecer e se reconhecer nessas histórias... Eis!
 Aguardem a primeira de muitas CONVERSAS!

sábado, 27 de novembro de 2010

manifesto desacontecido


apenas uma pancada: negação da idéia de movimento... para não parar! a dinâmica da produção como negação de ignorâncias e agressões. nada do vigor combativo de outrora. reorganização das energias. o presente como vitalização do caos. o conhecimento como sensação.
nas afirmações, nada de falsas verdades. só gostos, cheiros, sons, tato e cor... muita cor. aliás, cores.
todos os temas, um: a implantação da ditadura... ditadura da liberdade!
o não-limite como a configuração da própria identidade, aliás, fluida, como a água. a identidade como movimentação. espaço, tempo como dimensões da liberdade.
nada de contemplar o acabado... a finalidade não basta... comemos processos. alimentamo-nos de meios... as relações como fins e ponto... como a casa... esquecer as possibilidades de laços como coisas para os que virão. respiramos o presente enquanto instabilidade. nosso equilíbrio são os tombos na grammatiké.
nada somos... estamos... e existimos por enquanto, aqui e ali. o verbo ser, essa ilusão antropófaga, mas bem velha mesmo, grega, aliás, causa-nos indigestão. a essência como o mal-estar físico da humanidade.
a beleza que vem de dentro como antiácido... nada de produtos. a beleza do inacabado mesmo, como ponto final suportável. criatividade e originalidade nadam de braçadas na escassez. o não-querer do outro como a possibilidade tua, conectados. a caçamba na rua, esse não-lugar dos objetos, um louvre da nova roma.
nada de artistas e suas artes. autores e suas obras. nada de sujeitos e objetos separados ontologica ou epistemologicamente. caminhamos por uma ética dos entre-lugares. passamos sempre pelo meio. as pontas, uma em função da outra, apenas pontos de conexão. sempre pontes... reuniões de relações nas passagens do atravessamento. os fluxos de delocamento cultural redefinem a noção de experiência. nada mais é o total, sendo o total cada relação vivenciada como transição de mão dupla: matéria sendo metáfora e vice-versa!
não se esconde mais a percepção sensível através das pretensas formas puras. a história das coisas é a revelação da falta de caráter do outrora praticado. as sincronizações são a nova verdade... são a realização das vontades de potencia criativas e criadoras.     
a solidão morreu. eu, morreu com ela... e como a liberdade não se conforma com a morte, existimos, esteticamente, como fruto das relações que estabelecemos!

domingo, 24 de outubro de 2010

kangaroo´s punch






em uma dessas outroras de muitos, muitos sempres atrás, uma
única  foi-me avistada sem que se tivesse mais notícias.
aquela risada, abundância de ser, marcou um fresco de
cimento do muro, apoio das lembranças.


sábado, 23 de outubro de 2010

diálogos em preto e branco I

 "existe sentido no tempo não representado?"... foi isso que me perguntou o homem que acabara de descer do ônibus, interrompendo sua jornada, para replantar uma margarida pisada, num canteiro central da av. brasil. eu corri para a janela e gritei a tempo dele ouvir: -"o sr. é um homem revoltado!". ele simplesmente sor...riu e despejou o copinho de água minalba sobre a flor. Fazia 40 graus!!!

carta de ma(r)amor

as velas... mal içadas, anuncia o marujo à proa: mulher e mar! e a aventura recém principiada à você. o olhar meu, circundante, desencontra espaços ocos de outrora e o horizonte sempre insuficiente.

antes de navegar, transcender é preciso. percorrer a metafísica íntima das águas.

comandante que aprende aos olhos, afinidades em si. mares e maresias, olhares de ressaca... tudo ainda.

e vou. sem trair mas vou! e lendo, feito cego, sambas bêbados, relativizando fluídos, caminhando até a prancha como re-significação de fatos idos.

mergulho vendado, aguardando a maré me levar!

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

ensaio de natureza natimorta

as vezes, cinco ou seis  ao dia, pego-me pensando sobre o sentido da superabundância de energia que não encontrava lugar na vida tranqüila do menino supertramp, chris mccandless. vale ocupar a cabeça, pelo menos por 2 horas, com a idéia da natureza selvagem.
há de se questionar se a necessidade de solidão como idealismo e fantasia é realmente uma necessidade humana ou momentânea. empreender uma aventura de morte e, por isso mesmo de uma vitalidade incrível, pode ser o grande equivoco na vida do menino. mas fica para aqueles menos corajosos uma experiência a se considerar.
quando crianças, aprendemos a nos voltar aos outros. comida, água, bosta, afeto. talvez, o primeiro ato que defina a individualidade seja o comportamento de evitação. seja a necessidade de dizer que algumas pessoas cumprem determinadas finalidades e outras não. significa dizer: “você só vai até aqui!”, mesmo que a sentença seja proferida na linguagem do choro.
quando adultos, a evitação pode assumir o papel da busca pelo sentido e ordem na vida independente das relações pessoais. é a fronteira. é o momento em que as experiências se recheiam de significados. é o contato com as feridas, o flerte com o abismo. evitar é uma escolha tão humana quanto se relacionar simplesmente por ser uma escolha, mas suas conseqüências não o são.
é uma definição de papéis e máscaras. quase um baile à fantasia. no fundo, ninguém quer ser reconhecido de fato. todos querem simplesmente ser do tamanho de suas alturas e não do tamanho do que vêem.
tirar a máscara e pronunciar o relato do que se enxerga. dar o passo na direção do abismo ou, em última instância, assumir que as feridas não se curam com as facilidades do universo farmacológico. eis o caminho para alguém se tornar o que é.  foi o que fez o menino supertramp. por isso que eu o participo, considero-o irmão de fé. mas o caminho trilhado... esse caminho sem volta... o que me difere do menino supertramp.