quarta-feira, 9 de novembro de 2011

sertão: espaço revolucionário do homem comum

o sertão é definitivamente o espaço dos sentidos. é o espaço do revolucionário de sintonia fina. daquele que vem ou está para ouvir. que entende que palavra de ordem é gorjear de passarinho e que marcha organizada é saúva trabalhando para não morrer de fome.
é um espaço originalmente feito de respeitos e falas mansas. que esconde sim ruindades calmas, mas que não faz delas, sua razão de ser. é o de quem não se constrange com a natureza. porque aqui, ela ensina a quem quer e a quem não quer aprender.
é o espaço da revolução pelo simples... sussurro, cochicho, cochilo... até pelo silêncio. é onde o curso d’água dita o ritmo da vida.
muita coisa dá errado quando aquela musiquinha de chuááá cessa. é quando o sertanejo se apruma, refaz sua estratégia... no silêncio de todas as vozes que o rodeiam. ele sabe que ali é o mundo e que tudo vai dar certo se ele respeitar o sujeito natureza.
é uma revolução muito silenciosa essa permanência toda de causos contados. ela não leva às greves, ao trânsito e às filas. ela ensina que desamor, por aqui, é desamor de fato e não conseqüência de esperas enormes. e que o amor, esse sem prefixo, fica mesmo é nas coisas cotidianas... esse sim é o ato revolucionário... e ter uma boa resposta diária para seguir em frente com o cotidiano feliz é uma verdadeira ideologia.