quarta-feira, 9 de novembro de 2011

sertão: espaço revolucionário do homem comum

o sertão é definitivamente o espaço dos sentidos. é o espaço do revolucionário de sintonia fina. daquele que vem ou está para ouvir. que entende que palavra de ordem é gorjear de passarinho e que marcha organizada é saúva trabalhando para não morrer de fome.
é um espaço originalmente feito de respeitos e falas mansas. que esconde sim ruindades calmas, mas que não faz delas, sua razão de ser. é o de quem não se constrange com a natureza. porque aqui, ela ensina a quem quer e a quem não quer aprender.
é o espaço da revolução pelo simples... sussurro, cochicho, cochilo... até pelo silêncio. é onde o curso d’água dita o ritmo da vida.
muita coisa dá errado quando aquela musiquinha de chuááá cessa. é quando o sertanejo se apruma, refaz sua estratégia... no silêncio de todas as vozes que o rodeiam. ele sabe que ali é o mundo e que tudo vai dar certo se ele respeitar o sujeito natureza.
é uma revolução muito silenciosa essa permanência toda de causos contados. ela não leva às greves, ao trânsito e às filas. ela ensina que desamor, por aqui, é desamor de fato e não conseqüência de esperas enormes. e que o amor, esse sem prefixo, fica mesmo é nas coisas cotidianas... esse sim é o ato revolucionário... e ter uma boa resposta diária para seguir em frente com o cotidiano feliz é uma verdadeira ideologia.    

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

a memória como processo de autoconhecimento

Os melhores tratados sobre a educação são os livros de memória. Uma boa história de vida, articulada, bem narrada... um causo contado na roda... uma experiência vivida, enfim, contém todos os elementos fundamentais que impulsionam o processo de aprendizagem. A história, por si só, não basta. Ela nada mais é do que palavra. E palavra solta ao vento é silêncio, apenas. Mas a boa história da vida de alguém é um fato gerador, que desperta naquele que se permite experimentá-la com os sentidos um movimento de desejo em direção ao conhecimento do outro e ao autoconhecimento. É o fato gerador de uma relação que define os papéis claramente. O EU e o OUTRO apresentam-se já se relacionando, porque quem escuta resignifica.   


fonte. cena extra do filme só 10% é mentira - a desbiografia oficial de manoel de barros, de pedro cézar...

paulo freire... ensinar e aprender

terça-feira, 20 de setembro de 2011

paulo freire... experiência

o fundamento primeiro de toda a educação baseia-se na leitura do mundo e não apenas na leitura da palavra!

segunda-feira, 20 de junho de 2011

diamantina


on the road IV... estrada real - curvelo / diamantina


transição da paisagem... do sertão ao barroco

a estrada real foi sendo construída nos muitos anos de idas e vindas, das minas ao litoral, desde o século XVII, em busca das riquezas. caminhar pela estrada real é reviver os passos e os caminhos percorridos pelos escravos, pelo ouro e pela história. constituída, ainda, pelas vias de acesso, os pontos de parada, as cidades e vilas históricas que se formaram durante o passar dos homens e do tempo.


as gentes do rio das velhas... curvelo


rio das velhas... curvelo




... a estória de um burrinho, como a história de um grande homem, é bem dada no resumo de um só dia de sua ida. e a existência de sete-de-ouros cresceu toda em algumas horas – seis da manhã à meianoite – nos meados do mês de janeiro de um ano de grandes chuvas, no vale do rio das velhas, no centro de minas gerais

sábado, 18 de junho de 2011

cão do sertão...



Os outros têm uma espécie de cachorro farejador, dentro de cada um, eles mesmos não sabem. Isso feito um cachorro, que eles têm dentro deles, é que fareja, todo o tempo, se a gente por dentro da gente está mole, está sujo ou está ruim, ou errado...

qual o caminho da gente? santa rita do cedro



on the road III




caminho para santa rita do cedro
curvelo

todas as águas dormem II... curvelo

todas as águas dormem... curvelo


Há uma hora certa,
no meio de noite, uma hora morta,
em que a água dorme. Todas as águas dormem:
no rio, na lagoa,
no açude, no brejão, nos olhos d'água,
nos grotões fundos.
E quem ficar acordado,
na barranca, a noite inteira,
há de ouvir a cachoeira
parar a queda e o choro,
que a água foi dormir...

Águas claras, barrentas, sonolentas,
todas vão cochilar.
Dormem gotas, caudais, seivas das plantas,
fios brancos, torrentes.
O orvalho sonha
nas placas de folhagem.
E adormece
até a água fervida,
nos copos de cabeceira dos agonizantes...

Mas nem todos dormem, nessa hora
de torpor líquido e inocente.
Muitos hão de estar vigiando,
e chorando, a noite toda,
porque a água dos olhos
nunca tem sono...

quinta-feira, 26 de maio de 2011

aforismo do sertão

lendas do sertão para dar conta de porque existe cá uma cidade três marias: a escutatória dos causos populares versam três verdades igualmente distintas: uma, de olhar para cima... de olhar para o céuzão limpo, limpo do sertão, à noite, e saber das estrelas da constelação de órion, as faladas três marias; dois, de olhar para as águas... e contar em quantas cachoeiras pode-se estabelecer paragem para banho de rio; três, de olhar para a morte  e contar o número de gêmeas que ficaram encantadas à beira do rio nos muitos idos anos atrás.
Eu mesmo, de olhar para cima, para as águas e para a morte, não sei muito não, mas desconfio de muita outra coisa... penso mesmo que é uma cidade de três faces... que uma face olha para o sertão de joão rosa e manuel nardi... a outra olha para o velho chico,  escuta o marulho das águas adocicadas... a terceira última olha para a represa, dimensão azul oceânica não-livre. Uma face conta estórias... a segunda conta mentiras... e a face três, conta mesmo é vantagens!!!